A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
Texto de José Saramago, escritor português que partiu em sua viagem definitiva há um ano.
Saramago foi, muitas vezes, as vozes dos “sem voz”. Adorava saber qual seria a sua opinião, agora que os “sem voz” estão a começar a ganha-la aqui na Europa, mas infelizmente isso nunca o saberemos.
ResponderExcluirSou fascinada por este escritor. Muitas vezes choro lendo seus livros, pelo simples fato de como ele lida com as palavras.Eu o considero um gênio da Língua Português. Boa lembrança, bju
ResponderExcluirCecília, qual é teu email? Por favor, escreve para augusto . paim @ gmail . com. Vamos combinar um cafézinho pra falar sobre Jornalismo em Quadrinhos quando tu vier a PoA. Fiquei bastante interessado em saber mais do teu trabalho.
ResponderExcluirBeijos.
Olá, Cecília! De qual livro de Saramago é este trecho? Achei lindo! :)
ResponderExcluirUm beijo
Francine, o livro é Viagem a Portugal, da Companhia das Letras, 1997. p.488.
ResponderExcluirTrata-se de uma coleção de crônicas escritas por Saramago.