sexta-feira, 10 de junho de 2011

Viva a língua portuguesa

Sempre fui uma apaixonada pela língua portuguesa, pelas suas variantes e características, seu vocabulário rico e intenso e sua gramática complicadíssima, mas ao mesmo tempo fascinante. Talvez por isso tenha tanta dificuldade em aprender línguas estrangeiras.
 
Quando fiz o 1º grau, até tive um pouco de francês, e cheguei a gostar do idioma, mas foi tudo muito rápido, sem profundidade, e o pouco que aprendi esqueci, só me lembro de uma ou outra palavra, exceto o hino, que até hoje me recordo.

Com o inglês, a história é outra. Já perdi a conta de quantos cursos e escolas ingressei, sempre retomando o aprendizado do início, o que me garantiu, é verdade, uma boa base. Consigo, por exemplo, ler alguns textos e entender o contexto de outros, mas falar é um pouco mais complicado, tanto que acabei desistindo de tentar, bom... pelo menos por enquanto.
 
Por outro lado, minha vontade de me aperfeiçoar e mergulhar no idioma português é ainda maior, pois, por mais que você estude sempre há o que aprender e melhorar, ainda mais com as constantes mudanças na língua, haja vista o novo acordo ortográfico, que entrou em vigência em 2009, mas que ainda causa certo estranhamento.
 
Conhecida como “a língua de Camões”, em homenagem ao grande poeta português Luiz Vaz de Camões, autor do épico Os Lusíadas, entre outras obras, e cujo aniversário de morte é celebrado hoje, 10 de junho, o português é a sexta língua mais falada do planeta (depois do chinês – mandarim, hindi, espanhol e inglês e bengal) e a segunda mais utilizada no Twitter, a rede social e servidor para microblogging, que se tornou febre entre os internautas.

No mundo, mais de 250 milhões de pessoas falam o português, sendo esta a língua oficial dos seguintes países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, além de uma entidade dependente: Macau.
 
Esses dados me fazem lembrar de uma conversa que tive com uma colega de trabalho há pelo menos dez anos. Ela era (acho que ainda é, se bem que não a vejo há um bom tempo) uma apaixonada pelas línguas estrangeiras, sobretudo o italiano, e a gente sempre acabava “discutindo”, no bom sentido, sobre as belezas dos nossos idiomas preferidos, até que em dado momento ela me disse:
 
– O idioma português vai desaparecer com o tempo.

Fiquei chocada e não consegui responder na hora, mas pensei comigo: O português é falado em vários países. E o italiano, onde é falado além da Itália? Não quis polemizar, não tinha conhecimento suficiente e, afinal, sou descendente de italianos, não tenho nada contra o povo e o italiano é uma das línguas berço da civilização, mas hoje sei que no ranking das línguas mais faladas no mundo, ela não figura entre os dez primeiros.
 
E em São Paulo, cidade brasileira com o maior número de falantes do português no mundo, existe um espaço cultural em que a língua portuguesa está mais viva e presente do que nunca. Trata-se do Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006 para valorizar e difundir o idioma por meio de exposições permanentes e temporárias, apresentações artísticas e culturais e realização de cursos, palestras e seminários. É um lugar que vale a pena ser visitado, revisitado, “vasculhado” e garimpado. Há muito o que se ver e aprender por lá.

E já que hoje é dia de lembrar Camões, por ocasião do seu falecimento, e – por tabela – Dia da Língua Portuguesa, deixo aqui um dos poemas mais famosos do grande poeta, que remete à minha adolescência, quando fui apresentada à literatura portuguesa:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
 
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
 
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

2 comentários:

  1. Oi Cecilia, que homenagem linda que você fez a nossa língua! Mas sabe que a tendência é ela desaparecer mesmo?não é deixarmos de falar o português, acredito que é passamos a falar o português brasileiro,entende? A língua é falada em alguns países, mas não existe uma regra unica. Até tentaram agora com este acordo, mas como você sabe, os portugueses são contra. Saramago, exigia em contrato que os livros dele não fossem traduzidos para o português brasileiro, ou qualquer outro, impondo assim uma língua unica em seus livros. Mas muitos livros escritos em portugal são traduzidos para nós e vice-versa.
    Acredito que o Italiano nunca vai acabar,pois é o berço de nossa língua mãe, o Latim.
    Este assunto é tão polêmico que rede não só um livro, mas um série inteira,kkk. Mas eu não poderia deixar de lembrar quem também prestou uma homenagem a ela: Olavo Bilac.

    LÍNGUA PORTUGUESA

    Última flor do Lácio, inculta e bela,
    És, a um tempo, esplendor e sepultura:
    Ouro nativo, que na ganga impura
    A bruta mina entre os cascalhos vela…

    Amote assim, desconhecida e obscura,
    Tuba de alto clangor, lira singela,
    Que tens o trom e o silvo da procela
    E o arrolo da saudade e da ternura!

    Amo o teu viço agreste e o teu aroma
    De virgens selvas e de oceano largo!
    Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

    Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
    E em que Camões chorou, no exílio amargo,
    O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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  2. Não acredito no sumiço da Língua Portuguesa, apesar das tentativas de globalização a partir do midelo dos poderosos. Prefiro pensar que a nossa Língua vai se "abrasileirar" mais. Lindo post!

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