sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Círculo

Sempre que passo em frente de uma livraria preciso parar para olhar ao menos a vitrine, e apreciar as novidades expostas, depois sigo o meu rumo normal. Mas, na maioria das vezes, não resisto e acabo entrando para dar uma rápida circulada pelas prateleiras e bancadas da loja. Aí é um delírio completo, esqueço da hora, para onde estava indo e permaneço no lugar mais tempo do que pretendia. Não tem jeito. E tudo por causa da variedade de títulos e de capas. Elas são chamativas demais e é praticamente impossível não se deixar levar pelas cores, pelas letras, pelas imagens, pelos formatos e se aventurar para saber um pouco mais desse ou daquele livro.

Apesar do prazer, diria até "sexual", que uma livraria me proporciona, confesso que ultimamente tenho comprado muito pela internet. É que os preços dos livros estão bem mais acessíveis pelos sites, de forma que aquelas sensações "libidinosas", de estar em contato, ao vivo e em cores, com os livros, acaba ficando um pouco de lado, e me pego acessando lojas virtuais, teclando os títulos, comparando os preços e, tentando, de alguma forma, sentir algum prazer. Deve ser assim com o sexo on-line, se é que isso é possível, mas enfim, hoje a tecnologia dá um jeito pra tudo, não é mesmo? Eu, por mim, prefiro a prática antiga e sempre que estou "rica" (no pagamento) – como diz minha amiga Gil –, vou a uma livraria comprar diretamente. O problema é que ultimamente ando "pobre" e, por uma questão de economia, tenho comprado virtualmente.

Mas, pensando bem, essa prática de comprar a distância não é algo novo assim, já existe há séculos, desde o advento dos correios ou de um sistema semelhante de entregas, acredito eu, apenas com a diferença de que hoje isso é feito de forma mais rápida.

Lembro que no final dos anos de 1970, por exemplo, e em boa parte dos anos de 1980, época em que estava na faculdade, havia uma forma bem gostosa de adquirir livros, e que reuniu uma quantidade grande de pessoas. Era pelo Círculo do Livro.

O Círculo do Livro foi uma editora que comercializava livros por um sistema de clube. Para ingressar nele, a pessoa deveria ser indicada por algum sócio, como ainda acontece em muitos clubes. Já no grupo, a pessoa recebia uma revista trimestralmente (imaginem, só de três em três meses, mas a expectativa pela chegada era ótima!), que trazia uma variedade de títulos com breves descrições e preços para serem escolhidos. A única obrigação do sócio era adquirir um livro naquele período, que depois era enviado pelo correio.

A revista era bem ampla, com títulos que iam de clássicos a best sellers, além daqueles voltados a negócios, serviços, infantis, enfim de todos os gêneros. Os textos eram primorosos e estimulavam a compra. Além do amplo catálogo, os livros tinham um bom encadernamento, com capa dura e preços competitivos.

Pelo sistema comprei vários livros, que esperei ansiosamente chegarem pelo correio. Demoravam muito, sim, mas era gostoso chegar em casa e ver o aviso do correio para a retirada do livro. Foi pelo Círculo que adquiri, por exemplo, Fogo Morto, de José Lins do Rego, o livro que marcou minha adolescência, também Os Irmãos Karamazóv, de Dostoiévski, e ainda Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva.

Senti muito quando o clube acabou. De certa forma, a internet veio resgatar esse sistema de compras a distância e com muito mais agilidade, é claro, mas admito que não gosto de ler no computador, não tenho paciência, daí a nostalgia que senti hoje das revistas do Círculo do Livro. Elas, infelizmente, viraram peça de museu; quanto os livros, para quem chegou a adquiri-los, estes servem de testemunho daquela época áurea do clube. Os meus estão em casa, dentro do meu guarda-roupa, esperando pacientememte que eu os acomodem na futura estante que um dia terei. Só para lembrá-los, aqui estão:

200 Crônicas Escolhidas – Rubem Braga
A Coluna Prestes – Nelson Werneck Sodré
A Menina do Fim da Rua – Laird Koenig
Feliz Ano Velho – Marcelo Rubens Paiva
Fernão Capelo Gaivota – Richard Bach
Fogo Morto - José Lins do Rego
Mutações – Liv Ullmann
O Casamento do Sol com a Lua – Raíssa Cavalcanti
O Caso dos Dez Negrinhos – Agatha Christie
O Estrangeiro – Albert Camus
O Ramo de Hortênsias – João Carlos Pecci
O Sol é Para Todos – Harper Lee
O Velho e o Mar – Ernest Hemingway
Os Crimes ABC – Agatha Crhistie
Os Elefantes não Esquecem – Agatha Christie
Os Irmãos Karamazov - Dostoiévski
Os Sete Minutos – Irving Wallace
Papillon - Henri Charriere
Pássaros Feridos - Colleen Mccullough
Se um Viajante numa Noite de Inverno – Ítalo Calvino
Um Estranho no Espelho – Sidney Sheldon
Vlado – Retrato de um homem e de uma época – Paulo Markun

5 comentários:

  1. nossa,até deu saudade da Agatha Christhie! li todos os que vc citou ! adorava o hercule poirot!

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  2. Falta um Arthur Rimbaud, me apaixonei por ele a pouco tempo. Nada como passar em uma livraria e escolher um livro... A internet castra esse "tesão". Mas o que fazer né, essa economia que não ajuda. Monte logo a estante. Eu sempre empresto meus livros ou dou para alguém, acaba que tenho poucos títulos, o Paulo Coelho faz isso também, alias eu odeio esse autor em questão! rs. Bom final de Semana Cica!

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  3. Amore eu não tenho blog, essa conta que esta vinculada a minha identidade foi um blog que eu estava pra construir, mas não sou fã de escrever em blog, prefiro ler o que vocês escrevem, me dá maior prazer!!!!! Então escreva sempre.

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  4. Oi Cecília,
    Adorei seu post, acho que essa ideia de clube era td de bom hein?!
    Sou louca para ler esse livro "feliz ano velho"...já ouvi bons comentários, vc já leu?
    Um bj e um ótimo final de semana!

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  5. eu adorava Agatha Christie, tentava adivinhar quem era o assassino, risos
    linda, um otimo final de semana!!
    bjs, Cris

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