quarta-feira, 17 de março de 2010

A perenidade do livro

Quando o assunto é biblioteca, sempre acabo discutindo com Adilson, meu colega de trabalho. Ele considera que essas edificações, onde se guardam coleções de livros, documentos e periódicos, estejam fadadas ao esquecimento pela geração futura por causa da agilidade de pesquisa da internet. Até já comentei isso no blog.

Talvez seja para me provocar e me tirar do sério, pois não acredito que ele possa realmente pensar dessa maneira, mas o fato é que discordamos quanto a essa questão. E mais: divergimos também com relação à longevidade do livro impresso.
Pobre Adilson! Se ele tivesse lido a entrevista que o escritor italiano Umberto Eco concedeu ao Sabático – Um tempo para leitura, o novo caderno cultural voltado para literatura e para o mercado editorial que o Estado de S. Paulo está publicando aos sábados, pensaria diferente. Bom, mas resolvi isso e enviei por e-mail a ele. Só espero que leia.

Na entrevista, o autor de O Nome da Rosa fala que “o desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos...” E mais adiante diz: “O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação”. Lindo!

Sobre a questão da perenidade do livro impresso, Umberto Eco e o escritor, bibliófilo e roteirista Jean-Claude Carrière, mediados pelo jornalista francês Jean-Phillippe de Tonac, travaram apaixonante discussão. O resultado pode ser conferido no livro N'Espérez pas vous Débarrasser des Livres ("Não Espere se Livrar dos Livros”), publicado o ano passado e que será lançado no Brasil pela editora Record, em abril próximo, com o título Não contem com o fim do livro, que mal posso esperar para ler.

Enquanto o livro não chega, a discussão ganhará ainda mais contornos no final de março, quando acontece, o Primeiro Congresso Internacional do Livro Digital, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. O encontro é o tema central do 36º Encontro de Editores e Livreiros, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, que firmou parceria com a Frankfurter Buchmesse, responsável pela maior e mais importante feira editorial do mundo, realizada em Frankfurt, para a concretização do evento.

O Congresso será realizado entre os dias 29 e 31 de março e tem por objetivo debater os desafios e as oportunidades que o futuro reserva ao setor de livros no país, além da convergência das mídias e novos modelos de negócios. O público-alvo são os editores, livreiros e distribuidores e são esperadas, ainda, as participações de autores, gerentes de marketing, executivos da área de negócios e conteúdo digital, advogados especializados em Direito Autoral, jornalistas, profissionais de TI e Web, publicitários e interessados no assunto.

Algumas personalidades internacionais confirmadas são Michael Smith, o diretor executivo do Fórum Internacional de Publicações Digitais, entidade que reúne a indústria de publicações digitais (e-book); o colombiano Pablo Francisco Arrieta Gomez, CEO, diretor acadêmico e fundador do Monitor Capacitação Digital e consultor de empresas como Macromedia, Adobe, Wacom e Nokia; e a espanhola Arantxa Mellado, advogada atuante no mercado editorial, responsável pela criação da ediciona.com, um dos mais importantes espaços virtuais de encontro do mundo literário, entre outros.

Esta será uma excelente oportunidade para debater e discutir o futuro do mercado de livros. Acredito que a tecnologia tem o seu lugar e deve prosseguir, mas a as invenções consolidadas, com o livro, permanente há cinco séculos, não podem ser descartadas como objetos obsoletos e ultrapassados. Há espaço para todos.

Para mais informações e conferir a programação do congresso, acesse http://www.congressodolivrodigital.com.br/

4 comentários:

  1. oi, Ccinha, o Roger esta melhor? oq ele tinha?
    espero q ele esteja otimo!!
    bjs, Cris

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  2. Agradeço a retribuição da visita =)
    E jamais os livros deixarão de existir, mesmo com toda tecnologia, a base do saber ainda prevalecerá nas folhas de cada dia!

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  3. Oi, Cecilia
    Tb fiz um post sobre essa entrevista com o Umberto Eco no meu blog e concordo com ele totalmente. Eu já tentei muitas vezes ler e-books, mas acho chatíssimo ler pelo computador, então se depender de mim, o livro nunca acabará..rs

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  4. Ler longos textos no computador é cansativo. E não dá para lermos na cozinha, no sofá da sala, na praça do prédio. E ainda ter que ligar o micro, aguardar todos os softwares de proteção entrarem, ouvir o ventilador do equipamento e, principalmente, depender da energia elétrica. Livro pode ser lido encostado na janela, aproveitando a luz do outono, ou embaixo das cobertas quando durante o inverno. No verão? Embaixo do guarda-sol ou sentado no ponto mais alto de um morro, sentindo a brisa do mar.

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