Nunca fui muito boa com números, por isso costumo dizer que o meu “negócio” é texto. Mas houve uma época, antes de me decidir firmemente pelo Jornalismo, que tive vontade de estudar Matemática. Pode? Pois é, pode. É que tive dois professores de Matemática no 2º grau que sabiam como ensinar a matéria, fazendo-a interessante e “fácil” de aprender. Além do mais, tinham domínio da classe sem precisarem fazer muito esforço para manter a atenção da classe.
Com todos essas condições favoráveis era natural que eu me apaixonasse pela matéria. Tirava notas boas e me sentia fascinada com os números, fórmulas e cálculos. Mas foi só por um tempo, porque a veia jornalística falou mais alto e aí não tive como fugir ao futuro que tinha traçado ainda na adolescência.
Porém, quando mais tarde li O Homem que Calculava, de Malba Tahan, pensei com meus botões:
– Por que desisti da Matemática?
Bom, essa foi uma recaída rápida (ainda bem), afinal, número não é a minha praia, e eu estava – como estou – bem no mundo das palavras. Mas que me encantei com o livro, me encantei. E, da mesma forma que a Matemática nas aulas eram fáceis, a lógica do calculista no livro também era. Mais do que isso, era simplesmente extraordinária.
A trama, desenvolvida pelo escritor – e professor –, que era brasileiro (o nome verdadeiro dele era Júlio César de Mello e Souza), narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir, na Bagdá do século XIII. De forma simples e didática, o autor, por meio de seu personagem, resolve e explica diversos problemas, quebra-cabeças e curiosidades da Matemática, tornando o livro um instrumento valioso – e auxiliar – para o ensino da matéria nas escolas.
Não é à toa, portanto, que a Fliporto – Festa Literária Internacional de Pernambuco, que acontece em novembro deste ano, no Recife, tenha escolhido Malba Tahan como homenageado da Fliporto Criança. Na ocasião será realizada uma olimpíada de leitura, em que, certamente, O Homem que Calculava será o grande protagonista.
A obra tem sido lida por várias gerações e já foi traduzida para o espanhol, o inglês, o italiano, o alemão e o francês. E, além dos cálculos e da solução de problemas, traz também lendas e histórias pitorescas, como a da origem do jogo de xadrez e a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria.
Malba Tahan escreveu cerca de 120 livros de Matemática recreativa, didática da Matemática, história da Matemática e ficção infanto-juvenil, como Amor de Beduíno (contos), Lendas do Céu e da Terra (contos), Salim, o Mágico (romance), A Sombra do Arco-Íris (romance) e Matemática Divertida e Delirante (recreação matemática), entre outros.
O Homem que Calculava, no entanto, é seu livro mais conhecido e popular. Com ele, aprendemos mais do que fórmulas matemáticas, aprendemos o valor da amizade e o respeito ao ser humano. Por tudo isso, acho que vale a pena fazer uma releitura.
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