“Estar numa fila por horas pode ser uma experiência desagradável. E é. Mas para mim, que estava ali parada por quatro longas horas, o prazer falou mais alto. E não foi somente quando consegui o autógrafo desejado, mas sim ao descobrir o real significado daquele instante para mim.
Enquanto aguardava a minha vez chegar, múltiplas sensações tomavam conta do meu ser e de minha mente. Pensava no sonho que finalmente se concretizava, na oportunidade da viagem, na coragem e disposição de deixar tudo para trás. E também na firmeza com que abdiquei da companhia de três amigas que não quiseram se aventurar comigo naquele imenso corredor de fãs, debaixo de um sol forte, ainda que em pleno inverno.
Para ser justa, uma delas permaneceu comigo, até certo ponto, e foi muito reconfortante sua companhia porque dividimos aquela emoção de uma maneira única, aprofundando ainda mais nossa amizade. Mas não sei se foi para poupá-la ou se no íntimo eu queria fazer daquele um momento só meu, deixei-a à vontade para partir se quisesse, e assim ela o fez.
Para ser justa, uma delas permaneceu comigo, até certo ponto, e foi muito reconfortante sua companhia porque dividimos aquela emoção de uma maneira única, aprofundando ainda mais nossa amizade. Mas não sei se foi para poupá-la ou se no íntimo eu queria fazer daquele um momento só meu, deixei-a à vontade para partir se quisesse, e assim ela o fez.
Nesse instante, senti que era a primeira vez que estava fazendo algo que realmente desejava, sem precisar fazer concessões, sem ter de deixar de lado aquilo que realmente me era caro, como tantas vezes havia feito na vida. Ali, eu não precisava fingir, vestir uma máscara. Ali eu podia ser eu mesma e fazer valer a minha vontade. E o que era melhor: sem culpa.
Por isso eu não pensei duas vezes. Estava naquela fila porque queria, era esta a razão principal de ter me aventurado em uma viagem que a princípio pareceu louca, mas que ao final se mostrou extraordinária e rica em emoções.
Parada, no meio de tantas outras pessoas eu tive a certeza de que era exatamente naquele lugar que eu queria estar; era para viver aquele momento que eu tinha deixado minha família, minha casa, meu bairro, minha cidade, meu estado. Era para experimentar aquele momento único, mágico, indefinível.
Então uma sensação boa se apoderou de mim. Uma sensação de paz e de tranquilidade. Aí eu sorri. Estava feliz, imensamente feliz.”
* Para situar o leitor, esta historinha se passou em 2008, na Festa Literária de Paraty. O autor é Neil Gaiman, e o livro autografado é Coraline, uma aventura infanto-juvenil, adaptada para o cinema e que esteve em cartaz no início deste ano.
Então uma sensação boa se apoderou de mim. Uma sensação de paz e de tranquilidade. Aí eu sorri. Estava feliz, imensamente feliz.”
* Para situar o leitor, esta historinha se passou em 2008, na Festa Literária de Paraty. O autor é Neil Gaiman, e o livro autografado é Coraline, uma aventura infanto-juvenil, adaptada para o cinema e que esteve em cartaz no início deste ano.
Ai... Muitas dessas sensações que você descreveu tão bem fizeram parte dos meus dias de Flip nesse ano... É realmente bom conseguir a presença de um ídolo, mesmo que brevemente...
ResponderExcluirE você ainda ganhou um autógrafo com direito a ilustrações! hehe
Isso é lindo mesmo...
Beijos, Ciça!