sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quem conta um conto, aumenta um ponto

Depois de ler – com deleite – os contos de Julio Cortázar, em As armas secretas, lembrei-me de outros contos que li tempos atrás e que gostei muito. Vou falar um pouco de alguns deles:

Felicidade clandestina, de Clarice Lispector.
Li e ouvi esse conto, pela primeira vez, em um bate-papo com o organizador do livro Os 100 melhores contos brasileiros do século, Ítalo Moriconi, lá no Sesc Belenzinho, antes da reforma do espaço que já dura quase cinco anos (ufa!). Fiquei encantada quando o ouvi e o acompanhei pelo folheto distribuído no início do bate-papo. É a história de uma menina louca para ler um livro, mas que nunca o conseguia. Quando enfim o teve em mãos, sua alegria era tanta que queria prolongá-la, então fazia questão de “esquecer” que estava com o livro para depois ter a “surpresa” de achá-lo. Muito lindo!

Neve, vidro e maçãs, de Neil Gaiman.
Este conto me foi apresentado pela minha amiga Gil, que o encontrou na internet. Sabendo da minha paixão por Gaiman, ela o indicou. Achei-o envolvente e estarrecedor. É uma releitura bem pessoal da história da Branca de Neve, aqui transformada em uma vampira literalmente sem coração que aterroriza um vilarejo medieval. O conto, soube depois, faz parte do livro Fumaça e Espelhos, que traz 31 contos que Gaiman escreveu nas décadas de 80 e 90. São histórias fantásticas que ele leu na infância e na adolescência, recontadas bem ao seu estilo.

Sonho de um homem ridículo, de Dostoièvski
Quando participava de um grupo literário na Unifesp, o coordenador do programa sugeriu a leitura desse conto para discutirmos nas reuniões. Composto de cinco partes, o conto é narrado em primeira pessoa pelo protagonista, que teve uma revelação através de um sonho utópico. É bastante poético.

A casa tomada, de Julio Cortázar
Tomei conhecimento desse conto há pouco tempo, nas aulas do curso de Jornalismo Literário. Foi amor à primeira vista, principalmente porque o conto sugere muitas interpretações – política, social, moral –, cada uma melhor e mais verdadeira que a outra. A trama conta a história de dois irmãos que moravam em uma grande casa na cidade de Bueno Aires, na época do governo Perón. Quase não saiam e viviam isolados ali, até que começaram a ouvir barulhos pela casa, como se ela estivesse sendo tomada. Dessa forma, começaram a reduzir o espaço que ocupavam para não serem pegos pelos invasores. Fascinante.
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Mulher de Porto Pim, de Antonio Tabucchi
Pouco conhecido, Tabucchi, escritor italiano, reuniu em um livro pequenas histórias de viagens que fez pelo arquipélago dos Açores. Mulher de Porto Pim, conto que dá título ao livro, é a história de um homem que conhece uma mulher, se apaixona por ela e abre uma porta para a escuridão. A forma como é contada a história é magnífica e também poética. O conto também fez parte das aulas de Jornalismo Literário.
Romance, poesia, conto... gosto cada vez mais de cada um desses gêneros literários. O difícil é escolher o que ler.

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