A primeira biblioteca da qual tenho memória é a Biblioteca Adelpha Figueiredo, espaço público, que fica na zona leste de São Paulo. Eu a frequentei na época da escola e ia sempre lá quando precisava consultar livros e fazer pesquisas para atender às disciplinas da segunda metade do Ensino Fundamental (no meu caso 1º grau). Ela era a que ficava mais próxima da casa onde morava, no bairro do Pari.
Não me lembro se na minha escola havia uma biblioteca, talvez apenas uma sala para leitura, mas acho que não porque, com certeza, eu não iria esquecer. Assim, só vim a conhecer uma biblioteca escolar, propriamente dita, quando cheguei ao 2º grau (Ensino Médio) em um colégio de Indaiatuba, cidade para onde mudei junto com minha família no final dos anos de 1970.
Lembro que fiquei encantada com aquela biblioteca, nunca havia visto nada igual. O espaço era amplo e as quatro paredes estavam todas tomadas de estantes com livros e mais livros para serem descobertos e devorados, e ao redor algumas mesinhas espalhadas convidavam à leitura ou à tarefa de anotar as informações colhidas das enciclopédias.
O trabalho de descoberta dos livros era feito de duas maneiras: ou se aventurando pacientemente pelas prateleiras, olhando as lombadas, retirando as obras da estante e folheando suas páginas, ou então pedindo uma indicação à bibliotecária do local, uma senhora simpática, pequena, de cabelos curtos à lá Jaqueline Kennedy, e olhos um pouco estrábicos, uma profissional como poucas, consciente do seu papel e da sua responsabilidade como educadora. Suas sugestões eram sempre certeiras e ela parecia conhecer cada milímetro daquela biblioteca, cada livro que estava ali, porque era capaz de encontrá-los com uma rapidez incrível e de dar uma pequena explanação sobre a obra, o suficiente para aguçar a nossa curiosidade e fazer com que levássemos o livro.
Foi por causa, dela que aprendi a gostar ainda mais de ler, foi por causa dela que descobri o verdadeiro significado das bibliotecas, foi por causa dela que as leituras se tornaram mais prazerosas – porque sugeridas e comentadas – e foi por causa dela que passei a frequentar mais bibliotecas sejam públicas ou escolares, embora não tenha encontrado outras profissionais tão conhecedoras e apaixonadas pela profissão quanto ela.
Infelizmente nem toda escola dispõe de um espaço assim, às vezes apenas uma sala de leitura ou de um local onde simplesmente os livros são depositados, sem critérios, sem conhecimento. E o pior, conduzidos por pessoas que, apesar da boa vontade, não estão capacitadas para a tarefa. É lamentável.
Há pouco tempo soube que este é o mês consagrado à Biblioteca Escolar e que hoje, 27 de outubro, é o dia dela. Que os nossos educadores voltem mais o olhar para esse instrumento tão fundamental no estímulo da leitura no país, que conta com pouco mais de 52 mil bibliotecas escolares (segundo Censo de 2004), sendo que a maioria concentra-se nas áreas urbanas. Em contrapartida, o número de escolas sem bibliotecas quase que triplica aquele número.
Para reverter essa situação é necessário agir e inovar. Só assim poderemos chegar àquele ideal do filósofo Cícero, quando disse que “se temos uma biblioteca e um jardim temos tudo”.
Nossa, não conhecia essa frase!!! Adorei!
ResponderExcluirBiblioteca é tudo, né?
beijos!
ah também tenho lembranças lindas das bibliotecas,preenchia vários cartõezinhos daqueles pra pegar os livros,era maravilhoso encontrar autores,histórias...mas normalmente eu fazia minhas descobertas sozinha mesmo,não tinha uma fada madrinha assim,não...acho que qdo ficar velhinha quero trabalhar assim,com livros!!
ResponderExcluirbeijos querida!!