sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mulherzinha, sim!


Ela parece uma boneca, vestida com uma jaqueta de courvin mostarda e ampla saia de fundo azul marinho, com barrado na cor azul esverdeada, entremeada de flores em tons branco e rosê. Nos pés, que sustentam seus poucos mais de 1,50 m de altura e aproximadamente 50 quilos, sapatos bicolor azul marinho (ou será preto?) e branco, baixos. Completando o figurino, os cabelos castanhos escuros, cortados acima dos ombros, são penteados de lado. A voz é pausada e doce, quase uma melodia para os ouvidos, e as palavras que profere revelam a emoção, o amadurecimento e o bom humor dessa grande “mulherzinha” que é Fernanda Takai.

Ontem eu a vi, no auditório do Sesc Vila Mariana, no “Sempre um Papo”, onde encantou e emocionou a todos ao falar sobre literatura, música e criação. Na bagagem, além dos nove discos com o Pato Fu, do CD solo Onde Brilhem os Olhos Seus, com músicas que fizeram parte do repertório da cantora Nara Leão, e do DVD Luz Negra – Fernanda Takai ao vivo, o seu primeiro livro, Nunca Subestime uma Mulherzinha, publicado pela Panda Books.

– Escrever é algo que venho realizando há quatro anos e meio, desde que comecei a assinar, semanalmente, uma coluna nos jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas – explica.

Ela contou que no princípio sentiu medo de não dar certo, mas com disciplina e exercício de regularidade a escrita passou a acontecer de forma natural. Teve início assim uma sucessão de contos e crônicas que tiveram boa acolhida na comunidade daqueles dois estados, até que veio a oportunidade de publicar o livro com uma seleção de textos escritos entre 2005/2007 e que retratam momentos de sua infância, da família, dos amigos, além de histórias cotidianas.

O título foi inspirado em uma fase pouco conhecida da vida de Clarice Lispector. Nas décadas de 1950 e 1960, ela escrevia para colunas femininas de periódicos famosos, utilizando pseudônimos, uma “sugestão” dos seus editores para que a grande escritora não tivesse seu nome vinculado a uma literatura de “mulherzinha”, já vista com preconceito.
– Eu me subestimava, como sempre nos fazem acreditar, mas as coisas foram acontecendo... os shows, os CDs do grupo e o solo e por fim o livro. Foi um período bom, em que disse SIM a várias coisas que diria NÃO quando era mais jovem – confessou Fernanda.

Mas o momento de maior emoção – na hora pensei para mim, mas depois da abertura das perguntas do público constatei que a maioria também sentira o mesmo –, foi quando ela falou sobre a maternidade: a fase mãe, a descoberta e o aprendizado com a filha, a sua disposição em promover qualidade de vida às pessoas ao seu redor.
– Percebi o quanto minha mãe era importante, não que eu não soubesse, mas vi isso com mais clareza.

Fernanda falou ainda das suas influências literárias na infância, como as histórias do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, e dos quadrinhos da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, com os quais aprendeu a gostar de ler.

Já na fase adulta, depois dos livros obrigatórios da escola e da faculdade, quando então perdeu um pouco o prazer da leitura, voltou a se apaixonar por ela com Saramago, Cecília Meirelles, Stephen King e Stella Florence, esta escritora por sinal estava com a filha, sentadas ao meu lado, prestigiando o Sempre um Papo da amiga Fernanda.
– Hoje, se não estou com um livro na mão acho que estou perdendo tempo, deixando de alimentar o meu cérebro.

Quando o bate papo terminou, apressei o passo para me juntar à fila que já estava se formando para o autógrafo. Na mão, eu levava o CD solo com as músicas de Nara, que trouxe de casa e que por sinal é muito bom, e o livro, adquirido ali mesmo, mas que ainda não li, é claro. Pelo pouco que folheei e vi no metrô, na volta para casa, acho que vou apreciar muito essa leitura.

4 comentários:

  1. ...e depois contarás um pouquinho dele aqui né? adoraria ler os contos e as crônicas de Fernanda Takai...

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  2. tb curto a Fernanda Takai.
    Ela é a versão legal da Adriana Calcanhoto

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  3. A Fernanda Takai é muito fofa, não?
    Cecília, seu blog é muito legal, seus textos são muito interessantes. Gostei muito. Parabéns!
    bjss

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  4. Adoreiiiiiiii seu post! Agora, preciso dizer que a Fernanda já tem minha simpatia só por ser decendente de japoneses...adoooooooro!!!!

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