segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tributo a Wilson Simonal


Quando Wilson Simonal estava no auge da carreira eu era menina, então tenho vaga recordação da época, apesar de lembrar de muitas das músicas que ele cantava – e encantava. Simonal tinha um suingue contagiante e um estilo meio "pilantra" de cantar, no entanto, só vim conhecer melhor sua história ao ler Noites Tropicais, o livro de Nelson Motta, que fala sobre os bastidores da música brasileira, do final dos anos de 1950 até o início dos anos de 1990.

Adquiri esse livro, com direito a autógrafo e tudo o mais, na Bienal Internacional do Livro, em 2000, em São Paulo. O interessante é que li o livro depois de Chega de Saudade, de Ruy Castro, que conta a história e as histórias da Bossa Nova. Para mim são livros essenciais para quem deseja conhecer um pouco mais sobre a música brasileira, mesmo porque um complementa o outro.

Mas o legal da trajetória de Simonal é sua grande ascensão na MPB e depois sua saída de cena por causa de um grande mal-entendido durante os anos da ditadura militar. Uma das passagens do livro que mais me emocionaram – e que com certeza gostaria de ter estado lá para ver – foi quando Simonal, em pleno Maracanãzinho lotado, orquestrou o público fazendo-o cantar suas músicas com ele. É de arrepiar!

... E Simonal não decepcionou: muito pelo contrário, no Maracanãzinho, onde era esperado que somente fizesse as honras da casa e um showzinho de aquecimento da plateia para Sérgio Mendes, esquentou tanto o público que criou um imenso problema: não podia sair do palco. Depois de uma histórica performance, a maior de sua vida, Simonal tinha levado 20 mil pessoas ao delírio, cantando com ele, obedecendo alegremente a todos os seus comandos, se comportando como disciplinados coros de colégio, rindo de suas piadas, exigindo furiosamente que ele continuasse, continuasse sempre, mais-um! Mais-um! Mais-um, Simonal não conseguia (nem podia, nem queria) sair do palco...
... Sérgio Mendes entrava no palco com sua força máxima, seus músicos fabulosos, suas gatas com roupas ainda mais sexy, seu som internacional, seus hits planetários. Mas o público gritava furiosamente por Simonal! Simonal! Simonal!
Quando Sérgio tocava a sua versão de Sá Marina com Lani e Karen cantando em português, na segunda parte, de surpresa, Simonal voltou à cena, cantando com elas e provocando uma das maiores ovações da história do ginásio. Não havia dúvida: Simonal era o Sérgio Mendes brasileiro.

A lembrança dessa leitura foi reavivada em mim no sábado passado, no show Homenagem a Wilson Simonal, que seus filhos, Wilson Simoninha e Max de Castro, fizeram no Sesc Pinheiros. Simoninha tem uma bela voz, que muitas vezes lembra a do pai; Max também canta, mas é sua figura de músico que se destaca mais, além de ser uma graça, bem humorado e simpático (lembro de uma vez quando ele esteve se apresentando no Shopping Tatuapé e, ao final, ele saiu da corda de isolamento para atender a um pedido meu para uma foto).

No show do Sesc, os irmãos balançaram e emocionaram a plateia cantando músicas que foram sucesso na voz de Simonal: Ninguém sabe o duro que dei, Sá Marina, Zazueira, Meu limão, meu limoeiro, Mamãe passou açúcar em mim, Vesti azul, Tributo a Martin Luther King, entre outras.

Na saída, deparei-me com a recém-lançada biografia sobre o cantor, que chegou às livrarias um dia antes: Nem Vem que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, escrita pelo jornalista Ricardo Alexandre. O livro tem fotos raras e até documentos do DOPS, que esclarecem o fato que mudaria para sempre a vida e a carreira do artista (após mandar alguns funcionários do departamento baterem em seu contador, Simonal foi injustamente acusado de dedurar artistas que se envolviam na luta contra a ditadura). A biografia, ao que consta, foi lançada sem cortes ou interferência de familiares.

Não pude adquirir o livro na hora (buááá!), mas com certeza já está na minha lista de livros a comprar que, aliás, está crescendo a cada dia que passa.

3 comentários:

  1. que legal cecilia, eu nao conhecia o simonal até assitir ao documentario dele no cinema que saiu há uns meses atrás.
    gostei muito e me deu vontade de ir atras das musicas dele....mas ainda nao fui rs.

    quanto ao meu ultimo post: acho que me escancarei até demais ne rsrsrs mas que bom que gostou.
    bjs!!

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  2. oi, cicinha!! eu queria assistir ao documentario dele, vc viu?
    tb estou te seguindo, risos
    saudades!!
    bjs, boa semana!
    Cris

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  3. Nem me fala, Cecilia! Minha lista está um verdadeiro monstro!!!!

    beijinhos!

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